O que é um roteiro?
Um texto livre
Nunca digo ‘Uma das regras fundamentais do roteiro é...’.
Acho que não existe nenhuma regra neste campo. Os roteiristas
podem imaginar tudo, fazer tudo. A única certeza, a única
exigência é que aquilo tem que funcionar... e aí
nenhum pressuposto divino ou humano pode ditar essa ou aquela forma.
Dito isto, existem princípios que se aprendem e nos quais
se acredita porque sabemos que quando não os aplicamos o
filme não fica tão bom quanto poderia. Me parece essencial
e evidente ‘nunca anunciar o que será visto, nunca
contar o que se viu’. Isso parece simples e pueril, um novo
ovo de Colombo. E, no entanto, quando vamos ao cinema, os personagens
comentam a ação, discorrem sobre a imagem quando é
completamente inútil ou, pior ainda, anunciam e expõem
o que vai acontecer, aquilo que nos será mostrado. É
uma perda de tempo considerável, uma redundância. Evitá-la
é difícil e dá muito trabalho, mas é
uma regra que me imponho e cada roteirista cria sua própria
exigência. Isso força a não ceder à facilidade
da narrativa e a buscar e imaginar soluções narrativas
que, de outro modo, não teriam sido confrontadas.
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